Apesar dos milhões que as cervejeiras nacionais já gastaram na sua associação ao futebol, marcando presença assinalável na Liga, Selecção Nacional, Benfica, Porto e Sporting, para além da visibilidade mediática inquestionável, falta claramente envolvimento nesta relação.
As “guerras” que Sagres e Super Bock travaram na conquista dos principais activos estratégicos do futebol nacional, que inflacionaram o mercado de patrocínio em futebol para valores nunca antes praticados, pouco mais serviram do que para contar as bandeiras que cada uma das marcas conseguia “colocar”.
Até hoje, apesar da notoriedade que o patrocínio da Liga dá à Sagres e da projecção emocional da sua presença na Selecção Nacional e nas camisolas do Benfica, idêntica, ainda que em menor escala, à que a Super Bock consegue alcançar no FC Porto e Sporting, estas marcas ainda não conseguiram alavancar verdadeiramente o potencial que têm em mãos.
Como inspiração, quem sabe, deixo aqui uma acção que a Heineken realizou no último Real Madrid / AC Milan, que revela bem o que se pode fazer quando se tira partido da paixão pelo futebol.
O banco que investiu nos últimos cinco anos mais de 15 milhões de euros no futebol, que conseguiu resultados importantíssimos ao multiplicar o seu retorno várias vezes e sobretudo ao revitalizar a sua marca, propôs aos clubes um corte no orçamento.
A mim parece-me claramente uma má estratégia. Tudo o que conseguiu no futebol nos últimos anos, ao sair, facilmente será capitalizado para outra marca, que se for um banco, lhe vai trazer sérios prejuízos de imagem. Acredito que o Millennium bcp, apesar da crise, e apesar do momento conturbado que vive, esteja a “esfregar as mãos”, e que as recentes aproximações que tem vindo a fazer ao futebol não tenham sido por acaso.
É difícil alavancar hoje em dia um patrocínio no futebol, a concorrência é muita e a multiplicação de suportes e oportunidades aumenta essa dificuldade. O BES tinha conseguido uma estratégia de sucesso no futebol que agora deixa em aberto para ser continuada por quem vier a seguir.
O patrocínio não pode ser visto como um gasto, que se acciona em tempos de “vacas gordas” e se dispensa em tempos de “vacas magras”. Os efeitos de uma decisão desta natureza medem-se na relação da marca com o consumidor e consequentemente nas vendas.
Parece-me certa a decisão dos três principais clubes portugueses, que não deixaram desbaratar o seu principal activo e não cederam às pressões da crise que se anuncia. O futebol é o maior activo de patrocínio em Portugal, pelo que deve ser preservado e fundamentalmente gerido profissionalmente. Acredito que não faltem ofertas para estar presente nas suas camisolas, sem dúvida os melhores suportes de patrocínio do futebol português.