Apesar dos milhões que as cervejeiras nacionais já gastaram na sua associação ao futebol, marcando presença assinalável na Liga, Selecção Nacional, Benfica, Porto e Sporting, para além da visibilidade mediática inquestionável, falta claramente envolvimento nesta relação.
As “guerras” que Sagres e Super Bock travaram na conquista dos principais activos estratégicos do futebol nacional, que inflacionaram o mercado de patrocínio em futebol para valores nunca antes praticados, pouco mais serviram do que para contar as bandeiras que cada uma das marcas conseguia “colocar”.
Até hoje, apesar da notoriedade que o patrocínio da Liga dá à Sagres e da projecção emocional da sua presença na Selecção Nacional e nas camisolas do Benfica, idêntica, ainda que em menor escala, à que a Super Bock consegue alcançar no FC Porto e Sporting, estas marcas ainda não conseguiram alavancar verdadeiramente o potencial que têm em mãos.
Como inspiração, quem sabe, deixo aqui uma acção que a Heineken realizou no último Real Madrid / AC Milan, que revela bem o que se pode fazer quando se tira partido da paixão pelo futebol.
O espaço das conferências de imprensa no futebol é um espaço premium para a presença de sponsors, na medida em que permite maximizar a sua associação aos clubes, aos eventos e à modalidade.
A presença continuada , neste espaço, para além de garantir um retorno mediático significativo, é fundamental para activar a componente emocional do patrocínio através da associação espontânea positiva de valores que para as marcas.
O que que se faz actualmente nas salas de conferência de imprensa de grande parte dos clubes da Liga Sagres é um autêntico disparate!
Há salas de conferência de imprensa que por pouco não escondem os entrevistados para mostrar um autêntico supermercado de logótipos, garrafas, produtos e em alguns casos até screens LCD com mensagens, sem qualquer alinhamento ou preocupação estética. Admiro-me ainda não terem tentado colocar alguém a fazer demonstrações de produtos em mímica, talvez, enquanto o entrevistado presta declarações!
Enfim, conseguem transformar um espaço premium de comunicação num espaço ridículo de televendas, onde não consigo entender como ainda existem marcas que querem lá estar! Vejam a fotografia que utilizei para ilustrar este post, tirada na sala de imprensa do Vitória de Setúbal. (sem comentários...)
Desta forma, resolvi reunir aqui algumas dicas que me parecem importantes, a ter em conta para a decoração dos espaços de conferência de imprensa, espero que sejam úteis.
·Identificação do espaço (clube ou competição) através da sua logomarca, cor ou alguma outra característica que o distinga dos restantes. O público deve identificar o espaço como o espaço daquele clube, ou daquela competição. A sala de conferência de imprensa da Champions League é um bom exemplo de uma boa prática a este nível.
- O painel de marcas não deve ter mais do que 6 marcas, que se podem repetir de modo a criar um padrão.
- O espaço disponível para cada marca deve ser idêntico. Se se pretende fazer alguma distinção entre elas, deve ser feita em função do número de vezes que se repete e não em função do seu tamanho. A dimensão das marcas deve permitir que no enquadramento do entrevistado com o plano de imagem, sejam visíveis pelo menos 4 marcas em simultâneo.
- A colocação de produtos de consumo, como por exemplo água, cervejas ou sumos, deve simular uma situação real de consumo, ou seja faz sentido ter uma água em cima da mesa, não faz sentido ter uma água, duas cervejas, um sumo e três pacotes de bolachas.
- Não recorrer a suportes digitais para mostrar marcas.
- Não utilizar animações.
- A zona do microfone pode ter uma marca adicional, no entanto a altura deste suporte não deve ultrapassar nunca o limite do peito do entrevistado.
O Carlos Queiroz ainda não conseguiu convencer ninguém na Selecção Nacional e parece que já se esqueceu como se põe o Ronaldo a jogar à bola, no entanto, quando falamos em comunicar os patrocinadores da Federação Portuguesa de Futebol, a sua contratação foi sem dúvida uma aposta ganha.
Ontem na Sport TV, num grupo de discussão sobre futebol, onde todos estavam de fato com mais ou menos formalidade, o professor não dispensou o seu fato de treino, com o logótipo da TMN, como se estivesse a acabar de sair de uma sessão de treinos.
Sem dúvida que garantiu um excelente retorno para a TMN e ensinou a muita gente que tem que dar retorno a patrocinadores, como aparecer na televisão quando se tem que mostrar marca, mesmo que possa parecer ridículo, mas será que o seleccionador nacional tem que fazer este papel em nome dos acordos de patrocínio da FPF?
A presença de uma marca na camisola de um clube de futebol assinala um momento que ficará para sempre na história de ambos. Neste período partilham-se as vitórias, as derrotas, as aspirações, as frustrações, o sofrimento e a glória. A partilha de valores e emoções desencadeia um processo de envolvimento contínuo de reciprocidade que ficará para sempre registado na identidade de ambos.
Para existir este envolvimento, para além dos milhões que a marca terá que despender para a activar a sua presença na camisola do clube, deve existir alguma predisposição, uma ligação estrutural ou conjuntural, um namoro ou uma atracção, que possa acender a chama que vai sustentar esta relação.
Assim, aqui fica uma proposta para as novas camisolas do Sporting Clube de Portugal:
Acho que o meu pc tem vida própria e é “lagarto”! Enquanto estava a escrever este post desligou-se duas vezes. Felizmente a maior parte do texto ficou gravada... :)