A crise que vive a comunicação social, está a fazer com que os donos dos grupos de media europeus estejam a perder completamente a cabeça e em vez de tentarem procurar soluções que lhes permitam reinventar os seus business plan, andam desnorteados a lutar contra moinhos de vento.
Esta é a sensação que tenho perante a assinatura de um documento que designaram “Declaração de Hamburgo” e entregaram à Comissão Europeia, tendo como objectivo a protecção dos direitos de autor na internet.
Na minha perspectiva, não faz qualquer sentido a pretensão de exigir aos agregadores de conteúdos o pagamento pela pesquisa e referência às suas notícias, que por sua vez são disponibilizadas sem qualquer custo nos seus sites! Este pressuposto vai contra a lógica dos motores de busca e com isto contra a lógica da própria internet.
Se os media querem cobrar pelos conteúdos, então devem condicionar o acesso aos seus sites apenas aos utilizadores pagantes, que aliás é o que defendem alguns meios norte americanos de grande dimensão. Para mim, ninguém está disposto a pagar por aceder a notícias na web e o futuro dos media passa necessariamente pela sua capacidade de gerar receitas publicitárias, mas há quem aposte que este vai ser o futuro. A ver vamos…
Na verdade o que os grupos de media que assinaram a Declaração de Hamburgo pretendem fazer é conciliar o inconciliável, ou seja, por um lado mostrar grandes números de audiência que lhes permitam aumentar as receitas publicitárias, e por outro lado cobrar o acesso aos conteúdos às entidades que lhes permitem garantir a maximização desses mesmos números.
O Google, perante a declaração de Hamburgo, disse e bem, que os sites que pretendam proteger os seus conteúdos, podem fazê-lo tecnicamente através de uma tecnologia denominada Robots Exclusion Protocol (REP) que permite controlar a divulgação de sites ou páginas de Internet nos agregadores de informação.
Isto quer dizer que a decisão de disponibilizar ou não os conteúdos parte dos próprios meios e não dos agregadores de conteúdos. Então porque não decidem fazê-lo? Fácil, não o fazem porque o Google e outros agregadores garantem-lhes ao mesmo tempo redireccionar pessoas para os seus sites, garantindo-lhes com isto visibilidade e consequentemente receitas publicitárias.
Com isto o que pretende exactamente a Declaração de Hamburgo? Pelas palavras de Francisco Pinto Balsemão, presidente do European Publishers Council, ao afirmar que a declaração é um apelo aos governos a nível mundial que apoiem o copyright de autores, editores e operadores audivisuais na internet, quase me atrevo a pensar que são subsídios estatais.