Quinta-feira, 9 de Abril de 2009

Tenho a sensação que os grandes da comunicação social ainda não perceberam que a crise que estão a atravessar hoje, não se esgota nos factores que determinam a crise em toda a economia mundial, mas sim uma crise que anuncia a ruptura total da concepção actual de media.
Rupert Murdoch, dono do Wall Street Journal, alertou os gestores de jornais que vão ter que encontrar formas de cobrar pelo conteúdo online. Pois eu acho exactamente o contrário, ninguém vai estar disponível para pagar por conteúdos e se os gestores dos jornais basearem a sua visão de negócio neste cenário, estarão destinados ao fracasso.
O modelo negócio da comunicação social do futuro, terá que assentar necessariamente nas receitas publicitárias que serão canalizadas dos meios tradicionais para os novos meios, e se hoje a publicidade online não consegue cobrir os custos associados à quebra das receitas na publicidade impressa, é porque a publicidade online não se esgota nos formatos que hoje são propostos. Os media tradicionais limitaram-se a adaptar as edições offline para online propondo a venda de espaço nos seus sites e claramente não é isto que os anunciantes pretendem. Online e hoje os anunciantes avaliam directamente e objectivamente o retorno das suas campanhas e isto faz com que ninguém esteja mais disponível para comprar GRP’s completamente às cegas. Assim, a própria publicidade tem que ser reinventada, colocando o consumidor no centro do processo e deixando de ser pensada para o umbigo dos senhores criativos.
A presença das marcas no online será baseada na interactividade e na capacidade de despertarem comportamentos nos consumidores e será neste espaço que os novos media e os novos criativos terão que encontrar o seu posicionamento no mercado.
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Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009

Num cenário de crise profunda na comunicação social, a TVI aposta num canal de informação.
Se conseguisse ignorar por um momento, o critério de agenda e o estilo editorial da direcção de informação da TVI, era bem capaz de aplaudir de pé.
O que é preciso é acabar com a crise nem que seja em directo e com muito sangue, suor e lágrimas.
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O futebol é a palavra do ano 2008 na imprensa, segundo estudo divulgado pela Cision.
Num país com 10 milhões de habitantes que tem três jornais diários desportivos, na verdade não me surpreende este resultado, surpreendeu-me sim, quando fizemos o mesmo exercício utilizando apenas como universo a imprensa nacional generalista, e verificámos que este ranking contínua a ser liderado por esta palavra.
Atendendo que o segundo lugar neste estudo é ocupado pela palavra “crise”, este resultado, apesar de mostrar bem o que mexe com a agenda da imprensa em Portugal, até me parece positivo, afinal antes de falar de bola do que de crise!
Positivo também me parece que o SLB apesar de não ganhar campeonatos e de não jogar nada, continua a merecer o primeiro lugar na agenda dos media.
Estranho é que apesar da “publicidade gratuita” e da atenção com que é seguido pelos media e consequentemente pelas pessoas, a grande maioria dos estádios portugueses, continuam às moscas. Será caso para dizer ”eles falam, falam…”

Agora que a crise bateu à porta dos grandes da comunicação social, tenho esperança que possa ter algum efeito pedagógico nas suas redacções. Refiro-me aos mensageiros da desgraça que se têm especializado em explorar a fundo tudo o que de pior tem a crise, impregnando a opinião pública de uma angústia profunda, que se manifesta num estado de espírito pior do que a própria crise, o "sinto-me em crise".
É deprimente como a crise tem dominado a mensagem da comunicação social e que seja sempre mais conveniente dizer não, do que dizer sim!
É fatigante que não se perceba que precisamos de motivação e esperança: histórias positivas, finais felizes!
É frustrante que nunca se veja o lado bom das coisas, que um assalto seja sempre mais notícia do que a abertura de uma nova fábrica, que um assassino seja sempre mais protagonista do que um empreendedor.
Perdoem-me a generalização, e ainda bem que nem todos se revêem nestas palavras, mas acredito que todos saibam a quem se destinam.