Quinta-feira, 23 de Abril de 2009

Estive a espreitar o portal Sócrates 2009. Ao nível da comunicação, ferramentas de social networking, imagem e conteúdos, o portal parece-me estar muito bem conseguido e funcional, utilizando das mais avançadas tecnologias na sua concepção. Não tenho nada contra o facto de na sua estrutura ser uma cópia do Organizing for America de Barack Obama, afinal os bons exemplos são para ser copiados, no entanto, se a ideia foi fazer qualquer coisa parecida com o que actual Presidente dos Estados Unidos fez, não tenho dúvida que está destinado ao fracasso.
Apesar de, quer ao nível de ferramentas de comunicação, quer ao nível tecnológico, as soluções serem idênticas, elas distanciam-se infinitamente no essencial, ou seja, o protagonista e os valores que ele nos transmite. Não vou enumerar as diferenças entre o presidente americano e o nosso primeiro-ministro, porque não quero transformar este blogue num espaço triste e sombrio, mas limito-me a dizer que como marcas, o principal valor que os distancia resume-se numa palavra: ESPERANÇA.
Quando David Plouffe disse numa conferência na Católica em Lisboa, (aqui o post que fiz na altura sobre esse acontecimento) que a estratégia de comunicação utilizada por Obama, assentava essencialmente na capacidade de mobilização de milhões de voluntários espalhados por toda a América, que trabalhavam cerca de 20 horas semanais, sem qualquer pagamento, para suportar e promover a candidatura presidencial, questionei-me a mim próprio: O que motivou esta gente?! E encontrei a resposta no final do portal de Obama, onde diz “Powered by HOPE”.
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Segunda-feira, 30 de Março de 2009

Apesar da campanha de Barack Obama, ser hoje apenas história, na medida em que, conforme garantiu o próprio David Plouffe, seria impossível de replicar com sucesso, na sua essência estão as bases para uma nova teoria da comunicação.
Da conferência de hoje na Católica, destaco essencialmente a convicção de que o império dos media tradicionais chegou ao fim. Uma nova forma de comunicar centrada no individuo e na sua capacidade de influência na sua própria network, foi sem dúvida o que marcou a estratégia do novo presidente americano, que coloca os media tradicionais como mais um canal de comunicação e não como o canal de comunicação.
Conforme salientou David Plouffe, enquanto Hillary Clinton e John Mccain, contavam as suas vitórias em função da tendência das suas notícias na CNN e CBS, Barack Obama, preferia contabilizar o sucesso em termos do envolvimento e mobilização alcançado, por exemplo num comício com 10.000 pessoas.
A capacidade de organização e mobilização de uma rede de voluntários capazes de passar a palavra, trabalhando 20 horas por semana em espírito de missão e conduzidos em função de resultados alcançados e a alcançar, foram segundo Plouffe decisivos na vitória alcançada.
Registo ainda para o investimento realizado no conhecimento dos eleitores como forma de ir ao encontro das suas expectativas, na formação como forma de garantir que a mensagem é passada de forma correcta e na tecnologia como o suporte de comunicação.
Para uma marca, o case studie apresentado por David Plouffe, pode fazer toda a diferença, na medida em que pode mudar por completo a forma como comunica com os seus clientes. O conhecimento do consumidor, os seus hábitos, expectativas, necessidades e sobretudo a sua network e consequentemente a sua capacidade de influência, é decisivo numa nova forma de comunicação que o coloca como ponto central e o desafia a ser o seu principal promotor.
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Correndo o risco de ser redundante, mas é impossível não falar na tomada de posse de Barack Obama.
No dia em que inicia funções, Obama conseguiu reunir o mundo à sua volta e não deixar ninguém indiferente à sua mensagem.
Mais do que a força da sua imagem, do seu discurso ou da poderosa máquina de comunicação que o elegeu, Barack Obama é esperança, e esperança é tudo o que queremos ter neste momento.
Talvez por sentirmos que os media tradicionais se vão cada vez mais transformando em intermediários manipuláveis entre as marcas e os consumidores, uma nova geração de media, vai alterando por completo a lógica da comunicação empresarial.
Esta nova geração de media, vulgarmente denominada “social media” e que se expressa através de blogs, fóruns de opinião, redes sociais, etc, tem como característica comum o facto dos emissores e os receptores serem os próprios consumidores.
Os social media vão arrasando completamente com os conceitos da comunicação linear orientada a target groups, que suportaram as melhores estratégias de comunicação desenvolvidas nas últimas décadas, para recriarem o processo, colocarem o consumidor no centro, acrescentado ao conceito tradicional de comunicação, a interacção.
Os que ainda questionam a eficácia dos social media como veículos de influência em rede, respondam a esta pergunta: acreditam mais numa revista de viagens a dizer que o hotel X é espectacular ou num blog de um qualquer indivíduo a dizer que passou férias nesse mesmo hotel e que afirmou que a limpeza deixava muito a desejar?
Eu adoro viajar, tenho acesso privilegiado a todas as publicações sobre viagens e destinos, mas antes de decidir sobre um destino ou hotel, dou por mim a consultar tudo o que é fóruns, blogs e chats.
Como planear estratégias de comunicação perante este novo paradigma, é sem dúvida um dos grandes desafios que se coloca aos estrategas da comunicação empresarial, e que me proponho a discutir aqui.
Como inspiração deixo aqui os fundamentos da rede social criada por Barack Obama, que rompe com um ciclo, onde as campanhas presidenciais eram financiadas exclusivamente pelos grandes industriais e empresários, para uma nova abordagem, sustentada na relação directa com cada um dos seus eleitores, que ao mesmo tempo financiaram a sua campanha.