O novo líder do PSD foi eleito pelas pessoas, população em geral, que ao manifestarem convictamente a opinião que ele era o melhor líder para o partido e principalmente o melhor para poder suceder a José Sócrates como primeiro-ministro, influenciaram e convenceram os militantes do partido, que era capital a sua ascensão a líder.
Esta ruptura, incómoda para algumas estruturas internas do partido que esvaziam assim a sua capacidade de influência, parece-me indiciar uma estratégia que conceptualmente apontou a sua mensagem ao eleitorado e não aos decisores do seu partido.
A estratégia de comunicação política de Pedro Passos Coelho, de forma consciente ou não (embora eu acredite pouco em movimentos espontâneos), foi sustentada por um triângulo de influência cujos vértices foram a opinião pública, os media e os militantes do PSD. A triangulação entre os media, principais influenciadores da opinião pública, a opinião pública que foi revelando a sua opinião nas várias sondagens à população encomendadas pelos media e os militantes do PSD, influenciados pelos media e pela opinião pública, resultou numa votação no novo líder que não deixa qualquer dúvida sobre a sua base de sustentação.
Acredito que Passos possa estar a poucos passos de ser o próximo primeiro-ministro de Portugal porque os militantes do PSD perceberam estes sinais e resolveram fazê-lo seu líder. Estes passos deverão passar pelo desenvolvimento de uma estratégia de comunicação centrada na sua imagem, no conhecimento sobre os temas que mais preocupam a opinião pública e na capacidade de interacção com a agenda mediática.
Apesar dos milhões que as cervejeiras nacionais já gastaram na sua associação ao futebol, marcando presença assinalável na Liga, Selecção Nacional, Benfica, Porto e Sporting, para além da visibilidade mediática inquestionável, falta claramente envolvimento nesta relação.
As “guerras” que Sagres e Super Bock travaram na conquista dos principais activos estratégicos do futebol nacional, que inflacionaram o mercado de patrocínio em futebol para valores nunca antes praticados, pouco mais serviram do que para contar as bandeiras que cada uma das marcas conseguia “colocar”.
Até hoje, apesar da notoriedade que o patrocínio da Liga dá à Sagres e da projecção emocional da sua presença na Selecção Nacional e nas camisolas do Benfica, idêntica, ainda que em menor escala, à que a Super Bock consegue alcançar no FC Porto e Sporting, estas marcas ainda não conseguiram alavancar verdadeiramente o potencial que têm em mãos.
Como inspiração, quem sabe, deixo aqui uma acção que a Heineken realizou no último Real Madrid / AC Milan, que revela bem o que se pode fazer quando se tira partido da paixão pelo futebol.
Do Estádio da Luz, ao Vicente Calderon, ao Olímpico de Turim ou de Atenas, ou em qualquer um dos oito estádios onde se disputou a última jornada da Liga Europa, uma única marca: Seat.
O sponsor da Seat à Liga Europa é arrasador, está em todo lado, e é impossível passar despercebido.
Aposto que ninguém sabe quais são os sponsors da Liga dos Campeões, ou mesmo os que estiveram presentes nos jogos da semana passada nas linhas da Olivedesportos, mas a associação da Seat à Liga Europa é incontornável.
E porquê? Aqui deixo alguns aspectos que marcam a diferença:
1 - Exclusividade – A Seat é a única marca que aparece associada à competição
2 - Pressão – De jogo para jogo, a Seat é a única marca que ocupa o espaço de patrocínio. Os dias de Liga Europa, são dias Seat.
3. Ambiente - O mesmo ambiente gráfico à volta do campo, nas conferências de imprensa, em todo o lado.
4. Envolvimento – Produto e campanhas de promoção, feitas à medida da competição e planeadas estrategicamente durante a sua realização.
5. Oportunidade – O rebranding da competição, foi uma oportunidade de ouro para a marca se afirmar na nova Liga Europa.
Apesar da reputação da PT andar pelas ruas da amargura, dado o seu suposto envolvimento no processo Face Oculta, a marca surpreendeu mais uma vez, mostrando grande vitalidade, com uma campanha fantástica para lançamento do Meo 3D, personalizada pelos Gato Fedorento.
Se por um lado, a golden share do estado português, faz francamente mal à maior empresa nacional de telecomunicações, por outro a sua associação aos Gato Fedorento, faz-lhe francamente bem!
A questão que fica é como é que o consumidor consegue diferenciar uma empresa com uma péssima reputação, que não nos inspira qualquer confiança, com uma empresa saudável, inovadora que se associa ao que de melhor se tem feito em televisão em Portugal?
Na minha opinião, não diferencia e na dúvida, vale a má reputação...