Terça-feira, 29 de Dezembro de 2009
O guia Michelin é dos melhores exemplos para ilustrar que nem sempre a melhor estratégia para vender um produto é falar sobre esse produto.
Na perspectiva da comunicação, o guia tem um appeal irresistível. É o mais famoso guia de restaurantes do mundo, é reconhecido e aceite por todos, o seu critério pretende ser indiscutível e incorruptível, e a sua influência e poder é tão grande que o chefe francês Bernard Loiseau, que inspirou a personagem do filme Ratatui, suicidou-se com a perspectiva de poder perder um das suas três estrelas.
As estrelas atribuídas pela Michelin têm a particularidade de se promoverem a si próprias através da rede de restaurantes distinguidos, os seus melhores porta-vozes, como podemos ver
nesta notícia sobre o Tavares, recentemente distinguido com uma estrela Michelin.
O guia criado em 1896 pelos irmãos Michelin, como forma de vender mais pneus, convidando as pessoas as andar de carro para percorrer os seus destinos, tem hoje dentro da empresa fabricante de pneus, total autonomia e um centro de custos e proveitos próprio, mas o seu principal retorno continua a ser a reputação que consegue transferir para a marca Michelin, pelo que o propósito da sua criação continua perfeitamente actual.
Para mais sobre este guia, recomendo a leitura
deste artigo do i.
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Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009
A controvérsia política, bairrista ou outra quando associada a um evento, regra geral não é positiva. Contudo o Red Bull Air Race, cuja realização tem estado em disputa pelos autarcas de Porto e Lisboa, é uma excepção. Na realidade faz com o que este evento e este patrocínio, que já fazia parte dos manuais de boas práticas de sponsorship, seja cada vez mais um sucesso estrondoso.
A Red Bull ao colocar Rui Rio e António Costa de costas viradas e em disputa pela realização do Air Race, consegue colocar-se no centro da discussão. Com uma boa campanha conseguirá capitalizar este braço de ferro, na sua própria marca, como marca irresistível, desejada, idolatrada.
O protagonismo mediático do evento, muito antes da sua realização, tem garantido desde já um ROI (Return on Investment), com efeitos intangíveis capitalizáveis na imagem de marca Red Bull, incalculável.
Em oposição ao que estou a dizer, a TMN decidiu não patrocinar mais o evento em função da polémica (
notícia aqui)… a meu ver nunca o deveria ter patrocinado, afinal a TMN o que tem vindo a fazer não é mais do que ajudar a pagar a festa da Red Bull. Não há espaço neste evento para nenhuma marca para além da Red Bull!
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O estudo “Redes Sociais em Portugal” da Netsonda, divulgado hoje pelo i, revela que as marcas estão longe de conseguirem activar de forma eficaz a sua comunicação nestes espaços. Apesar de 45% dos utilizadores portugueses já terem utilizado as redes sociais para escrever sobre marcas, a grande maioria não gosta ou considera irrelevantes os espaços publicitários nestas plataformas e apenas 15% seguem as suas marcas preferidas.
A meu ver, esta conclusão é condicionada pelo facto de actualmente a grande maioria das marcas, não terem uma estratégia diferenciadora para se posicionar nesta nova realidade.
A atitude revelada pelos utilizadores em relação à convivência com marcas nas redes sociais, revela que as marcas ainda não conseguiram absorver na sua identidade a humildade necessária a estarem no mesmo espaço e sobretudo com as mesmas “armas” dos seus clientes e potenciais clientes.
A mudança da situação actual, passa necessariamente pela individualização do contacto, pela capacidade de monitorização / reacção, interacção, proactividade e criação de valor na relação.
Depois das caixas self service, os hipermercados continuam a tentar encontrar soluções que lhes permitam reduzir ao máximo os custos com os recursos humanos, nem que para isso tenham que exigir que os seus clientes façam as tarefas que deveriam ser feitas pelos seus empregados.
Se esta estratégia até se consegue aceitar em estruturas low cost, em que os custos são reduzidos ao máximo em benefício do preço de venda ao cliente, em estruturas como os hipermercados Jumbo, é inaceitável.
Já tinha reparado que cada vez via menos funcionários nos hipermercados Jumbo, aliás dos hipermercados que conheço é onde se espera mais tempo nas áreas da peixaria, talho e charcutaria, mas surpreendeu-me ver, que agora são os clientes que têm que pesar e etiquetar frutas e legumes.
Se já me irritavam as caixas automáticas, que só utilizo se estiverem mais de 50 pessoas nas tradicionais, este sistema parece-me completamente ridículo! Para além do conhecimento que é necessário ter sobre o equipamento, exige um conhecimento dos diferentes registos de todas as frutas e legumes à venda no hipermercado!
Para os "chico-espertos", este sistema constitui uma boa oportunidade de comprarem do bom e do melhor, ao preço do mais barato, pois se podem registar maçãs a 0.50€, porque vão registá-las a 2.50€? E se alguém vier perguntar alguma coisa, podem sempre dizer que não são especializados no assunto, afinal não são empregados do Jumbo.
Não queria com este post fazer um incentivo à "chico-espertice", até porque geralmente não a suporto, queria sim criticar uma estratégia que para além de condenável na perspectiva social, não se enquadra com o posicionamento da marca no mercado e parece-me completamente errada na perspectiva da gestão.